terça-feira, 18 de agosto de 2009

EVANGELHOS SINÓPTICOS (Sinoticos; Sinopticos; Sinóticos)

Os Evangelhos Sinópticos são: Mateus, Marcos e Lucas.

MATEUS

AUTOR
A tradição do segundo século da igreja atribui a autoria do primeiro evangelho ao apóstolo Mateus (9.9), também chamado de Levi (Mc 2.14). Com as variações Matias e Matatias, Mateus era um nome comum entre os judeus, cujo significado é “dádiva de Deus”.
Mateus era coletor de impostos na Galiléia, e ao ser chamado por Jesus, passou a fazer parte dos doze apóstolos. Não há referências nem interferências que o coloquem como autor.

SÍNTESE
O evangelho segundo Mateus tem em mira dar testemunho de que Jesus é o prometido Messias da antiguidade, e que sua tarefa messiânica consistia em levar aos homens o reino de Deus. Estes dois temas – a messianidade de Jesus e a presença do reino de Deus – estão inseparavelmente vinculados, e cada um deles engloba um “mistério” – uma nova revelação do propósito redentor e divino. (Romanos 16:25,26)
O mistério da missão messiânica está em que antes que o Messias venha nas nuvens, como celestial Filho do Homem, para estabelecer seu reino sobre a terra, deve primeiramente vir com humildade entre os homens, como o Servo sofredor que morrerá na cruz. O judeu do primeiro século jamais tinha ouvido tal coisa. Para o crente da atualidade, o capítulo 53 de Isaías relata com meridiana clareza os sofrimentos do Messias. Contudo, nesta passagem não se faz referência ao Messias, e o contexto (Isaías 48:20; 49:3) cita especificamente a Israel como servo de Deus. Portanto, não devemos surpreender-nos com o fato de que os Judeus não compreendessem que o capítulo 53 de Isaías se referia ao Messias. Esperavam um Messias que viesse com poder e vitória, e o Antigo Testamento promete, em realidade, tal Messias.
O Filho de Davi é um Rei divino que governará no reino messiânico (Isaías 9:11; Jeremias 33), quando todo o pecado e todo o mal serão tirados, e prevalecerão a paz e a justiça. O Filho do Homem é um Ser celestial a quem é confiado o governo sobre todas as nações e reinos da terra. O Antigo Testamento não nos diz de que forma se relacionam entre si estes dois conceitos proféticos do Rei davídico e do celestial Filho de Deus, ou de que modo cada um deles pode ser identificado com o Homem de dores do capítulo 53 de Isaías. Portanto, os Judeus do primeiro século esperavam um Messias vencedor, ou um Filho do Homem, porém celestial, e não um Servo humilde do Senhor, que sofreria e morreria. O mistério messiânico – a nova revelação do propósito divino – consiste em que o celestial Filho do Homem deve primeiro sofrer e morrer em cumprimento de sua missão messiânica e redentora, como o Varão de dores, antes de apresentar-se com poder e glória.
O mistério do reino está intimamente associado com o mistério messiânico. O capítulo 2 do livro de Daniel descreve a vinda do reino de Deus com linguagem vívida, do ponto de vista da destruição de toda e qualquer potência que resista a Deus e se oponha à vontade divina. O reino virá com poder, varrendo todo o mal e todo governo hostil, transformando a terra e apresentando uma nova ordem universal de perfeita paz e justiça. Contudo, o Senhor Jesus não apresentou um reino de poder portentoso. Daí que tanto sua mensagem como sua pessoa deixassem completamente perplexos seus contemporâneos, inclusive seus discípulos. Era filho de um carpinteiro; sua família era conhecida em Nazaré; tinha muitíssima semelhança com qualquer rabino judeu. Suas obras eram atos bondosos de afeto e amor; não obstante isso, afirmou que em suas palavras, em seus feitos e em sua pessoa havia chegado a eles o reino de Deus. Contudo, os reinos do homem e do mundo continuavam como sempre, sem que o odiado governo romano sobre o povo de Deus fosse desafiado. Como podia ser o reino de Deus se ele não despedaçava os outros reinos do mundo? Que esse reino viesse com poder espiritual antes de apresentar-se em glória era uma nova revelação do propósito divino.
Fonte: A Bíblia Sagrada RC – Coedição de Sociedade Bíblica do Brasil e Editora Vida – 1984 (Artigo de George E. Ladd, Doutor em Filosofia e Letras).

Mateus é o mais judaico dos evangelhos. Seus destinatários, com certeza, eram os judeus. Por isso o escritor apela frequentemente para o cumprimento das profecias na vida de Jesus. Sua intenção é mostrá-lo como o Messias prometido nas Escrituras do Antigo Testamento. A genealogia do primeiro capítulo retrocede até Abraão. Por sete vezes, Jesus é chamado de “filho de Davi”. Os costumes e as palavras judaicas não são explicados como nos outros evangelhos, porque seu público com certeza entendia suas expressões. Há uma grande ênfase sobre a cidade de Jerusalém, chamada de “a cidade do grande rei” (Mt 5.35).
Mateus, que tinha uma mente sistemática, acostumada com anotações, reuniu todo o seu material por tópicos. Nos capítulos 5 a 7, está o Sermão da Montanha, que resume os princípios éticos de Jesus. O capítulo 10 relaciona a missão dos discípulos. O capítulo 13 reúne algumas parábolas relacionadas ao reino de Deus. No capítulo 22, a disputa de Jesus com os fariseus e os escribas. Finalmente, nos capítulos 24 e 25 encontramos o seu sermão profético.
Mateus é o evangelho da profecia cumprida. A expressão “para que se cumprisse o que fora dito pelo Senhor por intermédio do profeta” aparece doze vezes. Algumas destas citações são contestadas, porque, às vezes, parecem não apresentar um cumprimento literal, mas apenas uma interpretação do texto do Antigo Testamento. Um exemplo referido é o texto de Mateus 1:23, que seria o cumprimento de Isaías 7.14. É alegado que Jesus não foi chamado de Emanuel. Mas não se pode negar que todos viram em Jesus a manifestação da presença de Deus junto ao seu povo.
Deve-se considerar que, após a ressurreição, os discípulos perceberam que a chave para o entendimento do Antigo Testamento era o Messias. Então, passaram a olhar todos os detalhes dos livros sagrados, relacionando-os com Jesus.
O livro comprova a inspiração divina das Escrituras judaicas em muitos pontos e fornece inúmeros argumentos contra ensinos errôneos, como por exemplo, a guarda do sábado, a natureza da ressurreição e a divindade de Cristo.
Fonte: Bíblia Apologética de Estudo – ICP

MARCOS

AUTOR
De modo quase unânime a igreja primitiva atribui o segundo evangelho a Marcos, sobrinho de Barnabé (Cl 4.10) e companheiro de Paulo (At 13.13) e de Pedro. A maioria dos intérpretes da Bíblia sustenta que este é o mais antigo dos quatro evangelhos. Pode afirmar-se com segurança que foi escrito entre os anos 50 e 70 de nossa era.
Marcos não fez parte do grupo dos doze apóstolos. Acompanhou Barnabé em sua viagem missionária a Chipre (At 15.38-40). Filho de uma cristã de Jerusalém, também é chamado de João Marcos (At 12.12). Segundo a tradição, ele escreveu o evangelho que leva seu nome sob a orientação do apóstolo Pedro. Provavelmente escreveu este evangelho antes da morte de Pedro e de Paulo, entre os anos 64 e 68 d.C., possivelmente em Roma.

SÍNTESE
O segundo evangelho tem traços que se destacam sobremaneira. A personalidade de Pedro reflete-se quase em cada uma de suas páginas. Assemelha-se a ele pela rapidez de movimentos, pela atividade, pela impulsividade. A rapidez de ação é um dos traços principais. O relato passa de um acontecimento a outro com extraordinária rapidez. Com propriedade tem-se denominado o evangelho de Marcos de filme do ministério de Jesus.
A intensidade dos pormenores é outro de seus característicos distintivos. Embora Marcos seja o mais curto dos quatro evangelhos, com freqüência narra pormenores vividos que não se encontram nos relatos do mesmo assunto em Mateus ou Lucas. Dispensa-se extraordinária atenção ao aspecto e aos gestos de Jesus.
O terceiro característico saliente é a descrição pictórica. Ao relatar a alimentação dos cinco mil, Marcos diz-nos que o povo se assentou em “ranchos” ou grupos sobre a erva verde.
O evangelho segundo Marcos é, preeminentemente, o evangelho da ação. Não somente abrange o discurso mais longo de Jesus (o discurso proferido no monte das Oliveiras), como não deixa passar fatos ou ações. Ressalta antes as obras que as palavras de Cristo. Marcos registra dezoito milagres de Jesus, mas apenas quatro de suas parábolas.
Seu modo de acentuar as ações é apropriado em um evangelho escrito provavelmente em Roma e dirigido principalmente aos romanos. Marcos emprega dez latinismos e faz menos referências ao Antigo Testamento que os demais evangelistas. Explica os costumes judeus aos leitores romanos. Nem sequer emprega a palavra lei, que aparece oito vezes em Mateus, nove vezes em Lucas e quatorze vezes em João.
Considerando que escreve aos romanos, omite qualquer referência à genealogia de Jesus, bem como à sua infância. Os romanos estavam mais interessados no poder do que em genealogias. Daí observamos que neste evangelho Jesus é apresentado como o grande Vencedor da tempestade, dos demônios, da enfermidade e da morte. Ele é o Servo do Senhor (compare-se com Isaías): primeiro o Servo vencedor, depois o Servo sofredor, e finalmente o Servo triunfante na ressurreição.
Conquanto o evangelho segundo Marcos seja antes de tudo histórico, observa-se nele um forte teor teológico. O primeiro versículo dá-nos o traço característico: “Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus”. Repetidas vezes acentua-se a Deidade de Jesus, seja explícita ou implicitamente. É o Filho do Homem, o Messias, aquele por quem esperaram os longos séculos. Em uma das mais vigorosas passagens teológicas dos evangelhos sinópticos afirma-se a declaração de Jesus de que o Filho do homem veio para “dar a sua vida em resgate de muitos” (10:45). Conforme diz o primeiro versículo do livro, é principalmente o evangelho de Jesus Cristo, as boas novas da salvação mediante sua morte expiatória.
Fonte: A Bíblia Sagrada RC – Coedição de Sociedade Bíblica do Brasil e Editora Vida – 1984 (Artigo de Ralph Earle, Doutor em Teologia).

LUCAS

AUTOR
Sem dúvida alguma, é correta a tradição que afirma ser Lucas, o médico amado (Cl 4:14), o autor deste evangelho. Como companheiro de Paulo (Filemon 24; II Timóteo 4:11; Cl 4:10-14; Atos 1:1; 20:5 – 21:17; 27:2 – 28:16), Lucas tinha muitos contatos pessoais com apóstolos e outras testemunhas da história do evangelho. Tudo isto, somado à sua base cultural grega, seu preparo intelectual e sua íntima relação com homens como Marcos, capacitaram-no para escrever um evangelho digno de crédito, amplo e formoso. Provavelmente escreveu-o entre os anos 64 e 70 de nossa era.
Pelo prólogo, podemos verificar que Lucas fez uma minuciosa pesquisa histórica durante os dois anos em que Paulo permaneceu em Cesaréia, quando então teve tempo para levantar documentos e fazer contato com testemunhas oculares (At 24:27).

SÍNTESE
O tema que se destaca no evangelho segundo Lucas é: Jesus é o Salvador divino. No princípio, tudo se concentra nesta verdade suprema. Antes mesmo de seu nascimento, o anjo enviado por Deus ordena a Maria que dê ao menino o nome de Jesus (que significa o Senhor salva, 1:31). Aos pastores o anjo deu “novas de grande alegria” (2:10) de que na cidade de Davi nascera o Salvador, que é Cristo, o Senhor (2:11). E no primeiro anúncio público que o Senhor fez a respeito de sua missão, afirmou de modo inequívoco que ele era o divino Salvador acerca de quem os escritos sagrados do Antigo Testamento faziam referências (4:17-21).
A partir desse momento, observamos de que forma o Senhor Jesus se revela como o Redentor divino que veio para salvar os perdidos. Salva do poder dos espíritos maus (4:33-36), de enfermidades graves (4:38-40), da lepra (5:12, 13), e inclusive do poder e das conseqüências do pecado (5:20-26). Além disso, Lucas nos apresenta Jesus como o Salvador Todo-poderoso que tem poder e autoridade divina para ressuscitar mortos (7:12-17). Sendo um com o Pai, tem igualmente poder sobre a natureza e pode salvar seus discípulos de uma violenta tempestade (8:22-25), e livrar da fome a multidão (9:11-17).
Depois de haver se revelado como o Salvador Todo-poderoso e de os apóstolos o haverem confessado como o Cristo (9:18-20), Jesus começa a mostrar a seus seguidores que para ele poder ser o Salvador divino deles, primeiro ele devia sofrer e morrer (9:22).
As palavras pronunciadas pelo Senhor Jesus em 19:10, “Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido”, cristalizam a maravilhosa mensagem do evangelho segundo Lucas.
Lucas demonstra-nos que o Senhor Jesus veio como Salvador em sentido universal – para os povos de todos os tempos e de todas as condições, para os judeus (1:13; 2:10), para os samaritanos (9:51-56), para os pagãos (2:23; 3:6,38), para os publicanos, para os pecadores e desprezados (7:37-50) bem como para pessoas respeitáveis (7:36), para os pobres (1:53) e também para os ricos (19:2; 23:50).
Ao mesmo tempo, nosso Senhor advertiu seriamente a todos de que, embora ele tivesse vindo para salvar e não para destruir, todos quantos se negavam serem salvos por ele trariam sobre si mesmos sofrimentos (19:27, 41-44).
O evangelho segundo Lucas proclama as boas novas do Senhor Jesus, que não somente afirmava ser o Salvador divino, mas também se revelava como o Redentor Todo-poderoso e Unigênito Filho de Deus. Mediante sua ressurreição e ascensão (24:50-53), demonstrou finalmente a verdade de suas afirmativas e a autenticidade de sua auto-revelação como Salvador do mundo, enviado, aprovado e equipado por Deus (4:17-21; 10:22).
Fonte: A Bíblia Sagrada RC – Coedição de Sociedade Bíblica do Brasil e Editora Vida – 1984 (Artigo de J. Norval Geldenhuys, Mestre em Teologia).

O evangelho segundo Lucas é o único livro do Novo Testamento escrito por um gentio. Assim com alguns dizem que Marcos é o evangelho de Pedro, outros afirmam que Lucas é o evangelho de Paulo. As ênfases apresentadas nestes registros fazem que seja reconhecido como “o evangelho dos gentios”.
Primeiramente, Lucas tinha em mente quando escreveu seu evangelho, a cultura grega. O grego vivia em busca do homem perfeito, que poderia servir de modelo para a humanidade. Lucas busca apresentar Jesus como o “homem universal”. Diferente de Mateus, retrocede a genealogia de Jesus até Adão e não somente até Abraão.
Dá enorme ênfase aos gentios. Muito do material exclusivo deste livro destaca tanto os samaritanos quanto os gentios. A referência de Jesus à viúva de Sarepta (4:26) e a Naamã, o sírio (4:27), instigou ódio nos judeus. A parábola do bom samaritano (10:25-37) e acura dos dez leprosos (17:11-37) são amostras de sua preocupação com os gentios.
Fonte: Bíblia Apologética de Estudo – ICP

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