domingo, 29 de agosto de 2010

Periodo Interbiblico

PERÍODO INTERBÍBLICO

Nos tempos do Antigo Testamento, os reis Saul, Davi e Salomão reinaram sobre as doze tribos de Israel. Depois disso, a nação se dividiu em Reino do Norte, Israel, constituído de dez tribos, e Reino do Sul, Judá, com a tribo de Benjamin absorvida pela tribo de Judá.

Ao apanharmos nossa Bíblia, folheamos o Antigo Testamento, chegamos a Malaquias: encontramos uma página em branco, e logo nos deparamos com a primeira página do Evangelho segundo Mateus. Para quem desconhece a história, não sabe que essa página em branco entre os dois Testamentos representa um longo período de tempo que, segundo as melhores informações históricas hoje aceitas, durou mais ou menos 400 anos.

Os 400 anos do Período Interbíblico caracterizam-se pela cessação da Revelação Bíblica, pelo silêncio profundo em que Deus permaneceu em relação ao seu povo, pois durante esse período, nenhum profeta se levantou em nome de Deus.

No silêncio desesperador desses 400 anos, o Senhor deixou que os esforços dos homens, na resolução dos problemas espirituais, falhassem; que a filosofia se esboroasse; que o poder material enfadasse as almas; que a imoralidade religiosa desiludisse a todos, mesmo os corações mais ímpios; que a corrupção campeasse, atingisse as raias da depravação, mostrando assim ao homem a inutilidade de tais sistemas e instituições.

No fim do Período Interbíblico as tribos de Israel haviam desaparecido. Foram absorvidas pela sagacidade dos assírios. Isaías profetizara que mesmo Judá, apenas um “restante” seria salvo. Com efeito, a tribo de Judá sobreviveu a todas as intempéries, a todas as tribulações a que foi submetida, à humilhação, ao furor dos inimigos e, após a procela babilônica, desponta fulgente em Jerusalém, a fim de reiniciar seus trabalhos e de continuar suas tradições religiosas.

Uma vez no exílio, toda a dor, toda a opressão, todo o desespero, foi insuficiente para amortecer na alma dos judeus o apego à Grande Cidade Jerusalém. Prosseguiram em suas tradições cívico-religiosas. Mantiveram acesas suas lâmpadas espirituais e reverdece, nesse tempo, em seus corações, a esperança Messiânica, cujo desfecho verificar-se-ia em Jerusalém. A religião do Senhor, mesmo no cativeiro, foi preservada.

Durante o Cativeiro, apareceram diversas seitas político-religiosas que, no correr dos anos se multiplicaram, principalmente sob o regime Romano, cuja dominação severa muito contribuiu para essa situação.

O Cativeiro Babilônico foi o principal responsável pela tendência do judeu na adoração de ídolos. Hoje, o judeu prefere a morte a prestar culto a uma imagem. Os judeus que foram para a Babilônia por causa da idolatria, lá entre os deuses, curaram-se desse mal, cujo efeito perdura ainda.

1 – PERÍODO BABILÔNICO

Após a morte do rei Saul, Davi passou a dominar sobre as doze tribos de Israel. Venceu os inimigos de Israel e preparou tudo para que seu filho Salomão esplendesse. De fato, o reino de Salomão foi o mais glorioso de toda a história israelita. Durante o seu reinado foi erigido o Templo de Jerusalém. Tudo floresceu naquela nação, até mesmo o luxo, a vaidade, a opressão, a idolatria e a rebelião ao Senhor.

Com a morte de Salomão, o reino foi dividido: Norte com Jeroboão, filho de Nebá; e Sul com Roboão, filho de Salomão. O norte estabeleceu sua capital em Samaria e adorou nos “altos”; e o sul ficou com sua capital em Jerusalém e adorou a Deus no Templo de Salomão.

O norte abandonou o Templo em Jerusalém e gradativamente também ao Senhor para seguir a idolatria, trazendo como conseqüência o declínio moral e espiritual, a pobreza e a confusão. Esse estado de corrupção encheu a medida da ira de Deus, até que, em 722 a.C. Sargão II, rei da Assíria, destruiu Samaria e dispersou os israelitas por terras estranhas. Os assírios, povo de raça mongólica, passaram a habitar em Samaria, que caldeou com os remanescentes lavradores do norte, dando em resultado aquele povo estranho aos judeus, que tanto dificultou os trabalhos de Esdras e Neemias. Daí a rivalidade entre judeus e samaritanos, como encontramos no Novo Testamento.

Judá, depois da queda de Samaria, como nação, durou um pouco mais de cem anos. O povo do sul permaneceu fiel ao seu Deus e às tradições dos antepassados, talvez devido à influência da aliança do Senhor com Davi, do Templo e de outras coisas da cidade “santa” – Jerusalém.

O poderio assírio perturbou muitas vezes a paz de Judá. Desapareceu, porém, a ameaça, quando as armas babilônicas destruíram o poderio dos filhos de Assur.

Judá, porém, caiu no mesmo pecado que levou os israelitas ao cativeiro, e talvez, de forma mais acentuada. A palavra e a exortação dos mensageiros de Deus foram desprezadas. Os profetas perseguidos e alguns barbaramente mortos. Como resultado desse desatino dos judeus, o Senhor mandou-lhes Nabucodonozor que os levou em cativeiro para a Babilônia.

O povo foi levado para o cativeiro em três levas: 1) Jeoaquim, rei de Judá foi amarrado com cadeias de bronze e por Nabucodonozor exilado para a Babilônia. Nabucodonozor levou também alguns despojos da casa do Senhor em Jerusalém (II Cron. 36:6,7); 2) o filho de Jeoaquim, chamado Joaquim reinou sobre Judá três meses e dez dias (II Cron. 36:9). Na primavera do ano (II Cron. 36:10) Nabucodonozor o levou cativo para Babilônia, também sua mãe, suas mulheres, servos, príncipes, oficiais, artífices e valentes (II Reis 24:12-16); 3) o rei da Babilônia estabeleceu rei a Zedequias que governou onze anos (II Cron. 36:11) e fez o mal perante o Senhor (II Cron. 36:12-16). Rebelou-se contra Nabucodonozor, que veio e sitiou Jerusalém por dois anos (II Reis 25:1-3). A cidade rendeu-se pela fome. Zedequias é preso, matam-lhe os filhos e os príncipes em sua presença e depois vasam-lhe os olhos e é arrastado para Babilônia com todo Judá. Nebuzaradã, ministro da guerra de Babilônia, com seus homens, destroem Jerusalém, com muros e casas, incendeiam o templo e levam ricos despojos.

Jeremias profetizou que Judá permaneceria no exílio setenta anos. E assim aconteceu. Em 536 a.C. sob a proteção de Ciro, os judeus retornaram para Jerusalém e seus arredores.

Os assírios dispersavam promiscuamente por terras estrangeiras os povos vencidos, enquanto que os caldeus conduziam em levas para Babilônia os exilados, dando-lhes bairros onde podiam morar em conjunto, gozar de certa liberdade, tanto política como religiosa.

Ezequiel e Jeremias deixam claro que os caldeus não oprimiam tanto os exilados como faziam os assírios. O cativeiro babilônico é muito mais brando do que o egípcio.

No cativeiro babilônico, os judeus preservaram com muito cuidado as genealogias sacerdotais e reais provindas de Arão e Davi. Podiam também adorar o seu Deus ao modo judeu.

Os judeus, antes do exílio babilônico, ocupavam-se quase exclusivamente de lavoura e pecuária. Os anos de cativeiro converteram-nos em hábeis comerciantes. Enriqueceram-se. Estabeleceu-se rasgado contraste entre os exilados que se locupletaram, e os que permaneceram em Judá, que eram vítimas de extrema pobreza.

A Palavra de Deus afirma categoricamente que o Cativeiro Babilônico veio ao povo judeu em conseqüência imediata do pecado. A finalidade era converter dos maus caminhos o povo de Israel.

Os judeus foram escolhidos por Deus para uma nobre missão, qual seja a de dar ao mundo o Messias. Mas, num dado período de vossa vida, desviaram-se dessa finalidade proposta por Deus. Assim é que Nabucodonozor é o Servo do Senhor para corrigir a idolatria dos judeus.

A finalidade precípua, pois, do Exílio Babilônico, foi “punir” e “educar” o povo de Deus, reintegrá-lo no caminho do Senhor e prepará-lo para o advento do Messias.

2 – PERÍODO MEDO-PERSA

a) A Média – a Média fica no majestoso Planalto do Irã, a oeste da Cadeia de Zagros, a leste da Mesopotâmia, comunicando-se com o Mar Cáspio.

O fundador da dinastia média foi Ciaxiares (633 a.C.), que auxiliou Nabopalassar a destruir Nínive. Sucedeu-lhe no trono seu filho Astíages.

b) A Pérsia – a Pérsia era no tempo de Astíages, tributária da Média. A Pérsia antiga estava situada a oeste do Golfo Pérsico, ao sul da Babilônia e sul da Média.

Quando Ciaxiares fundou a famosa dinastia meda, a Pérsia era uma de suas humildes colônias. Cambises da Pérsia casou-se com a filha de Astíages da Média. Esperava com este matrimônio dilatar os seus territórios, multiplicar seus tesouros e aumentar seu poder. Porém, nada aconteceu.

A ambição de Cambises tornou-se uma obstinação em seu filho Ciro, que na realidade, tornou-se o ponto de partida para as suas grandes conquistas.

c) Guerras e Conquistas de Ciro

Contra a Média – numa antiga inscrição de Nabônido, o rei arqueólogo da Babilônia, lemos sobre a tomada da Média por Ciro: “(Astíages) reuniu-se e marchou contra Ciro, rei de Anshan, para segurá-lo. O exército de Astíages revoltou-se, segurou-o e entregou-o a Ciro. Ciro marchou sobre AGAMTANU (Ecbatana). Levou para Anshan frota, ouro e bens de toda casa”.

Numa outra inscrição de Nabônido, Astíages é denominado por rei dos CITAS. Conclui-se daí que os vandálicos hunos tenham dominado a Média e imposto o seu rei – Astíages. Nesse caso, Ciro não lutou contra os Medos, mas contra os citas. Ciro não conquistou a Média, mas foi por ela eleito ao seu trono.

Contra a Lídia – Lídia ficava na Ásia Menor. Seu rei era o milionário Creso.

Creso, ao saber que a Média fora conquistada por Ciro, procurou auxílio dos Espartanos, Gregos e Egípcios para conter a furiosa investida do grande conquistador. As forças medos-persas e lídias se encontraram em Ptéria, ao norte da Capadócia, onde se trava sangrenta batalha, cujo resultado foi favorável a Ciro.

Contra a Babilônia – concluída a campanha da Ásia Menor, Ciro prepara-se para tomar a Babilônia.

Nabônido era rei da Babilônia, porém afastado de suas funções pela pressão do Partido Sacerdotal e por sua predileção pelas investigações históricas. À frente do governo babilônico achava-se Belsazar, possivelmente seu filho. Entretanto, nas questões mais delicadas interferia Nabônido.

Vemo-lo assim aliando-se a Creso. Creso, uma vez derrotado, turbou-se o espírito de Nabônido ante a arremetida de Ciro.

Os sacerdotes viam-se desprezados por Nabônido. Estabeleceram, pois, correspondência com Ciro assegurando-lhe de que seria benvinda a sua chegada à Capital Babilônica. E assim aconteceu. Ciro tomou Babilônia e pôs termo ao grande Império Caldeu. Cumpriram-se então as palavras do Senhor escritas na parede da corte e decifradas pelo profeta Daniel (Dan. 5).

Consuma-se desse modo a queda de Babilônia. Ciro, ao entrar em Babilônia, ordenou que os sacerdotes ungissem seu filho em nome do deus local.

Ciro prossegue em suas conquistas. Matam-no os Citas. Seu filho Cambises continua as guerras de seu pai. Toma uma parte da Europa e consolida as posses do grande império Medo-Persa.

Ciro, sem dúvida, foi um célebre libertador. Deus havia predito alguns feitos de Ciro. Em Isaías 44:26-28, “Ciro é o Pastor do Senhor, que cumprirá todo o seu beneplácito”. Em 45:1 “Ciro é o ungido do Senhor”. Em 47:13 “Ciro reedificará as cidades de Judá”.

Entrando Ciro em Babilônia, os judeus que ali se achavam, foram e mostraram, ou o informaram dessas profecias, e o rei Persa libertou os filhos de Israel. Libertou a todos os cativos não somente da Babilônia, mas de outras regiões.

Ciro fez proclamar um edito nestes termos: “Os judeus que livre e espontaneamente desejarem voltar à sua pátria, poderão contar com as garantias do rei”. Zorobabel, da linhagem real, e Josué, da linhagem sacerdotal, voltaram chefiando a primeira leva de 50 mil judeus. Levaram vasos e outras provisões.

Chegando em Jerusalém, edificaram um altar e o culto ao Senhor foi restabelecido. Lançaram os alicerces do Templo. Habitaram a terra, mas tiveram de lutar contra os Filisteus, os Edomitas, Moabitas, Amonitas, os mongólicos Samaritanos e outros, que se haviam estabelecido no país.

SUCESSORES DE CIRO

Cambises – 529-522 – Como já dito acima, Cambises era filho e sucessor de Ciro. Seu feito principal foi atacar e tomar o Egito, cujo rei era Psamético. Estendeu suas armas vitoriosas e atacou a Etiópia.

Quando retornava à sua pátria, soube que um usurpador de nome GOMATES, fingindo-se irmão do rei, apoderara-se do trono Medo-Persa. Desesperado, Cambises suicidou-se.

Dario Histaspis – 521 – 486 – Após oito meses de governo do usurpador GOMATES, subiu ao trono Dario Histaspis. Seu primeiro trabalho foi reprimir as revoluções de todo o seu vasto império. Era um segundo Ciro. Histaspis criou no seu reino as satrapias, cunhou novas moedas, melhorou a condição de seus súditos.

Xerxes – 486 – 465 – Xerxes sucedeu ao invicto Dario Histaspis. Seu nome aparece em alguns anais como Kchiarcha e na Bíblia, no livro de Ester, é chamado Assuero.

O Livro Santo assim apresenta Xerxes: “Sucedeu nos dias de Assuero (este é o Assuero que reinou desde a Índia até a Etiópia, sobre cento e vinte e sete províncias)” – Ester 1:1

Artaxerxes Longimanus – 465 – 425 – Segundo Heródoto, “Artaxerxes” quer dizer “grande guerreiro”. Cognominado “Longimanus” por sua bondade. Filho de Xerxes, o Assuero da Bíblia.

No governo de Artaxerxes I, verificaram-se os seguintes fatos:

1) O Egito revoltou-se contra a Pérsia e, em diversos lugares, derrotou as forças de Artaxerxes.

2) Verifica-se um tratado de paz (Calis – 449), pelo qual Chipre retorna à Pérsia e as Colônias Gregas da Ásia Menor alcançaram sua liberdade.

3) Divisão do Mediterrâneo entre Pérsia e Grécia. Termina assim os grandes conflitos entre as duas nações.

4) Rebelião da Síria causou sérios transtornos ao Império, mas Longimanus honrosamente pacificou os insurretos.

3 – PERÍODO GRECO-MACEDÔNIO

Chamamos “Período Grego” o tempo da Dominação Macedônica no mundo. Estende-se das primeiras conquistas de Filipe até as Guerras Macabéias (334 a 167 a.C.)

Foi durante este período que Alexandre, o Grande saiu da Grécia-Macedônia e conquistou o Oriente Médio, impondo sucessivas derrotas aos persas nas batalhas de Granico (334 a.C.), Isso (333 a.C.) e Arbela (331 a.C.).

Geografia da Grécia – A Grécia Antiga divide-se em duas partes gerais: ao norte a Hélade, com capital em Atenas e ao sul o Peloponeso, ligado ao continente pelo istmo de Corinto, com capital em Esparta.

A leste banhada pelo Mar Egeu e com as ilhas Cícladas que a punham em comunicação com a Ásia. Através do Helosponto, chegavam às suas colônias na Ásia Menor. A oeste, as ilhas Jônicas que a punham em comunicação com a Itália. Ao sul, a Ilha de Creta, facilitava-lhe a rota para a África. Ao norte ficava a célebre Macedônia.

Religião dos Gregos – A religião ocupava lugar central na vida dos Gregos. Seus deuses se contavam às centenas.

Macedônia – Macedônia era um pequeno Estado independente ao lado da Grécia. Seu povo vivia separado dos gregos, e alguns historiadores afirmam que eram de raça diferente. Quando Atenas, Esparta e Tebas sucessivamente estavam no apogeu, no esplendor, Macedônia não passava de uma simples colônia de escravos. Ali reinava a confusão, a anarquia, a indolência, por conseguinte a fraqueza e a miséria. Nunca chegou a ser alguma coisa.

Filipe – Filipe é o nome do primeiro rei que deu brilho à Macedônia. Pouco se sabe de sua origem e meninice. Encontramo-lo em Tebas como refém, em casa de Epaminondas.

Ali recebeu educação, aprendeu a arte militar e diplomática. Em Tebas, ocultamente, preparou o jovem Filipe seus planos para o soerguimento de sua pátria.

Na primeira oportunidade, partiu para a Macedônia. Lá chegando, dominou a situação, sufocou as anarquias, organizou poderoso exército e começou a atacar os Ilírios, os Trácios e outros povos e organizou a Falange Macedônica.

Suas enfermidades (era coxo e perdera um olho na guerra), as numerosas feridas obrigaram-no a afrouxar o ritmo acelerado de suas conquistas. Os Atenienses desatentos e negligentes, assistiram impávidos a todas estas façanhas de Filipe.

Em 338 a.C., trava-se entre Gregos e Macedônicos a Batalha de Queronéia, em que foi sepultada a liberdade da Grécia.

O Conselho de Anfitriões nomeou Filipe seu general contra os Persas. Filipe preparava-se para combater a Ásia, quando foi assassinado, não se sabe se por influência dos persas ou a mando de sua esposa Olímpia que há pouco fora repudiada. Morreu aos 47 anos de idade.

Alexandre Magno – Alexandre era filho de Filipe. Educara-se aos pés de Aristóteles. Sempre ao lado de seu pai, ajudava-o nos planos bélicos. Admirador apaixonado de Homero; sonhava com glórias e conquistas. Viram-no chorar um dia ao ouvir das vitórias de Filipe: “Meu pai não me deixará pois nada a fazer”. Era homem providencial para derrubar e levantar impérios. Salvou a vida de seu pai das mãos dos bárbaros no Danúbio. Atribuem-lhe a vitória de Queronéia.

Aos vinte anos, por morte de seu pai, assumiu as rédeas do governo do Império Macedônico. Jovem ainda, as nações subjugadas viram nisso áurea oportunidade para sacudirem o jugo macedônico. Os Tribálios, os Getas e os Ilírios se levantaram contra Alexandre. O jovem general, com incrível celebridade, subjuga esses insurretos. Depois dessas brilhantes vitórias, todos o temeram, todos o respeitaram.

A helenização

A cultura grega, denominada helenismo, havia tempos vinha se propagando mediante o comércio e a colonização dos gregos, mas as conquistas de Alexandre foram responsáveis por um impulso muito maior do que jamais houve. O idioma grego tornou-se a língua franca, idioma comumente usado no comércio e na diplomacia. Já na época do Novo Testamento, o grego se havia firmado como a língua falada nas ruas até da própria Roma, onde o proletariado autóctone falava o latim, mas a grande massa de escravos e libertos falava o grego.

Os diádocos

Com o falecimento de Alexandre em 323 a.C., quando contava 33 anos, seus principais generais (denominados diádocos, palavra de origem grega que significa “sucessores”) repartiram o império em quatro divisões. Duas dessas divisões são importantes para os antecedentes históricos do Novo Testamento, a dos ptolomeus e a dos selêucidas. O Império Ptolomaico era sediado no Egito, tendo Alexandria por capital. Os governantes desse império vieram a ser conhecidos como ptolomeus, tendo recebido essa designação por causa de Ptolomeu, o primeiro soberano. O Império Selêucida tinha por sede a Síria, sendo Antioquia sua capital. Vários de seus governantes receberam o nome de Seleuco, por causa do primeiro governante. Diversos outros, no entanto, foram chamados Antíoco, por causa da capital do império. Juntos são denominados “selêucidas”.

Premida entre o Egito e a Síria, a Palestina tornou-se vítima das rivalidades entre os ptolomeus e os selêucidas, que queriam cada um de um lado, cobrar impostos de seus habitantes e torná-la em zona de amortecimento contra os ataques que trocavam entre si. A princípio, os ptolomeus dominaram a Palestina por 122 anos (320-198 a.C.). Em geral, os judeus desfrutaram de boas condições durante esse período.

OS SELÊUCIDAS. Vez após vez fracassaram as tentativas dos selêucidas para conquista da Palestina, quer por invasão, quer por alianças matrimoniais. Mas o sucesso finalmente aconteceu com a derrota do Egito, infligida por Antíoco III (198 a.C.). Entre os judeus surgiram duas facções, “a casa de Onias” (pró-Egito) e “a casa de Tobias” (pró-Síria). Antíoco IV, ou Epifânio (175-163 a.C.), substituiu o sumo sacerdote judeu Onias III pelo irmão deste, Jasom, helenizante que planejava transformar Jerusalém em uma cidade grega. Foi erigido um ginásio com uma pista adjacente para corridas. Ali, rapazes judeus se exercitavam despidos, à moda grega, para ultraje dos judeus piedosos. Os judeus que se opunham a essa paganização de sua cultura eram chamados assideus (hasidim), “piedosos”, o que grosso modo equivale a “puritanos”.

Antíoco Epifânio fez a substituição de Jasom, seu próprio escolhido para o sumo sacerdócio, por Menelau, outro judeu helenizante, o qual prometera recolher tributos mais elevados dos súditos de Antíoco na Palestina.

DERROTA DIPLOMÁTICA. Apesar de alguns êxitos iniciais, a tentativa de Antíoco de anexar o Egito acabou falhando. A ambiciosa Roma não desejava que sua principal fonte de cereais fosse dominada pelos selêucidas, nem que o Império Selêucida se fortalecesse. Fora de Alexandria, por conseguinte, um emissário do senado romano traçou um círculo no chão, ao redor de Antíoco, e exigiu que, antes de pisar fora do círculo, ele prometesse abandonar o Egito com suas tropas. Como aprendera a respeitar tempos atrás o poderio romano, quando fora refém por doze anos em Roma, Antíoco aquiesceu.

A PERSEGUIÇÃO POR ANTÍOCO EPIFÂNIO. Durante esses acontecimentos, chegaram rumores aos ouvidos de Jasom de que Antíoco fora morto no Egito. Jasom assim retornou à Jerusalém, assumiu o controle da cidade, tirando-a das mãos de Menelau. Antíoco interpretou a atitude de Jasom como uma revolta e enviou seus soldados para punirem os rebeldes e reintegrarem a Menelau na posição de sumo sacerdote. Saquearam o templo de Jerusalém e passaram ao fio da espada muitos de seus habitantes.

Dois anos mais tarde, em 168 a.C., Antíoco enviou seu general Apolônio com um exército de 22 000 homens para recolher tributos, tornar ilegal o judaísmo e estabelecer o paganismo à força como meio de consolidar seu império e refazer seu tesouro.

4 – PERÍODO MACABEU

A REVOLTA

A resistência judaica fez-se sentir prontamente. Na aldeia de Modim, um agente real de Antíoco instou com um sacerdote idoso de nome Matatias que estabelecesse um exemplo para os habitantes da aldeia ao oferecer um sacrifício pagão. Matatias recusou-se a fazê-lo. Quando outro judeu deu um passo à frente para atender ao pedido, Matatias tirou-lhe a vida, matou o agente real, demoliu o altar e fugiu para a região montanhosa acompanhado de seus cinco filhos e outros simpatizantes. Foi assim que teve início a Revolta Macabéia, em 167 a.C., sob a liderança da família de Matatias.

Judas Macabeu, um dos filhos de Matatias, encabeçou uma campanha de guerrilhas de extraordinário sucesso, até que os judeus se viram capazes de derrotar os sírios em campo de batalha regular. A Revolta Macabéia foi também responsável por deflagrar uma guerra civil entre judeus pró-helenistas e anti-helenistas. O conflito prosseguiu mesmo após a morte de Antíoco Epifânio (163 a.C.). Por fim, os macabeus expeliram as tropas sírias da cidadela que ocupavam em Jerusalém, recuperaram a liberdade religiosa, consagraram novamente o templo e conquistaram a Palestina.

A INDEPENDÊNCIA

Depois que Judas Macabeu foi morto em batalha (160 a.C.), seus irmãos Jônatas e posteriormente Simão o sucederam na liderança. Jônatas começou a reconstruir as muralhas danificadas e os edifícios de Jerusalém. Assumiu também o ofício sumo sacerdotal. Simão conseguiu o reconhecimento da independência judaica por parte de Demétrio II renovando um tratado com Roma que fora firmado sob o governo de Judas. Tendo sido proclamado “o grande sumo sacerdote, comandante e líder dos judeus”, Simão passou a reunir oficialmente em si a liderança religiosa, militar e política do estado judeu.

A história seguinte da Dinastia Asmonéia (142-137 a.C.) consiste no triste relato de contendas internas ocasionadas pela ambição em torno do poder. Os propósitos políticos e as intrigas dos asmoneus fragmentaram muitos de seus ex-correligionários, os assideus, de persuasão religiosa, os quais vieram a se dividir mais tarde em fariseus e essênios. Alguns dos essênios produziram em Cunrã os “manuscritos do mar Morto”. Os partidários aristocráticos dos sacerdotes-regentes asmoneus, de inclinações políticas, vieram a ser os saduceus. Por fim, o general romano Pompeu subjugou a Palestina (63 a.C.). Durante todo o período do Novo Testamento, portanto, a Palestina esteve sob domínio romano.

5 – PERÍODO ROMANO

A ascensão de Roma

O século VIII a.C. contempla a fundação de Roma, e o século V a.C. viu nascer ali a organização de uma forma republicana de governo. Dois séculos de guerras com a cidade rival de Cartago chegaram ao fim com a vitória de Roma (146 a.C.). Em Roma, o governo é exercido por Pompeu, Crasso e Júlio César, formando o primeiro triunvirato. As conquistas feitas na extremidade oriental da bacia do Mediterrâneo, sob o comando de Pompeu, como também na Gália (em boa parte equivalente à atual França), por Júlio César, expandiram o domínio romano.

Pompeu, Crasso e Júlio César brigam entre si pelo poder. Júlio César vence e torna-se Imperador Romano. Em seguida, nomeia Antípatro, idumeu, como procurador sob as ordens de Hircano, o Macabeu. Faselo e Herodes, filhos de Antípatro, são nomeados governadores da Judéia e Galiléia.

Um ano depois, Antípatro morre envenenado. Passados três anos, o Imperador Júlio César morre assassinado no senado romano. Institui-se um novo triunvirato, formado por Otávio, sobrinho de César, Marco Antônio e Lépido. Marco Antônio e Herodes eram amigos.

Herodes casa-se então com Mariana, neta de Hircano, vinculando-se assim à família dos macabeus.

Otávio, mais tarde conhecido como Augusto, derrotou as tropas de seu rival Antônio e da rainha ptolomaica Cleópatra, numa batalha naval nas proximidades da costa de Ácio, na Grécia (31 a.C.), tornando-se então imperador de Roma. Dessa maneira, Roma passou de um período de expansão territorial para outro, de relativa paz, conhecido como Pax Romana.

Na tentativa de tomar o poder, Antígono, filho de Aristóbulo II, corta as orelhas de Hircano II, impossibilitando-o de continuar a exercer o sumo sacerdócio.

Antígono (40-37 a.C.) - Uma de suas ações foi perseguir Herodes, o qual se dirigiu à Roma, denunciou a desordem e foi nomeado rei da Judéia (37 d.C.). Antígono foi morto pelos romanos.

Termina assim, a saga dos macabeus, cujo princípio foi brilhante nas lutas contra a Síria. Entretanto, foram muitas as disputas pelo poder dentro da própria família. Perderam então a grande oportunidade que os judeus tiveram de se tornarem uma nação livre e forte. Acabaram caindo sob o jugo de Roma.

Os imperadores romanos

Os imperadores romanos a seguir estão vinculados em vários momentos à história do Novo Testamento. A lista abaixo não perfaz, no entanto, a totalidade dos imperadores mesmo do primeiro século.

Augusto (27 a.C. – 14 d.C.). Sob seu governo ocorreram o nascimento de Jesus, o recenseamento ligado a seu nascimento e os primórdios do culto ao imperador.

Tibério (14 – 37 d.C.). Sob seu governo Jesus efetuou seu ministério público e foi morto.

Calígula (37 – 41 d.C.). Exigiu que lhe prestassem culto e ordenou que sua estátua fosse colocada no templo de Jerusalém, mas veio a falecer antes que sua ordem fosse cumprida.

Cláudio (41 – 54 d.C.). Expulsou de Roma os residentes judeus, dentre os quais Áquila e Priscila (At. 18.2), alegando distúrbio civil.

Nero (54 – 68 d.C.). Perseguiu os cristãos, provavelmente em Roma apenas. Sob seu governo Pedro e Paulo foram martirizados.

Vespasiano (69 – 79 d.C.). Quando ainda general romano, começou a esmagar uma revolta dos judeus, retornou para Roma para se tornar imperador e deixou o restante da tarefa ao encargo de seu filho Tito, cujo exército destruiu Jerusalém e seu templo em 70 d.C.

Tito (79 – 81 d.C.). Deve ter sido o imperador no período em que o livro de Apocalipse foi escrito.

Domiciano (81 – 96 d.C.). Crê-se que tenha perseguido a igreja e, portanto, serviu de base para o livro de Apocalipse.

HERODES, O GRANDE

Os romanos permitiram que naturais da Palestina governassem o país sob o controle de Roma. Um desses foi Herodes, o Grande, que governou de 37 a 4 a.C. Seu pai, Antípater, tendo subido ao poder e contando com o favor dos romanos, lançara-o numa carreira militar e política. O senado romano aprovou o reinado de Herodes, mas ele precisava obter o controle da Palestina mediante o poder das armas. Em razão de sua ascendência iduméia, não era visto com bons olhos pelos judeus (os idumeus eram edomitas, descendentes de Esaú, irmão mais velho e rival de Jacó. Jacó era também chamado Israel e pai dos doze filhos de quem as doze tribos de Israel descenderam e receberam seus nomes).

Sendo nomeado por Roma como rei da Judéia, Herodes passou a governar um grande território. Contudo, sua insegurança e medo de perder o poder o levaram a matar Aristóbulo, irmão de Mariana, por afogamento. Depois, matou a própria esposa e estrangulou os filhos.

A violência de Herodes provocou a revolta dos judeus. Para apaziguá-los, o rei iniciou uma série de obras públicas, entre as quais a construção (reforma) do templo, que passou a ser conhecido como Templo de Herodes.

O domínio direto do Império Romano sobre a Palestina iniciou-se no ano 37 a.C. estendendo-se por todo o período do Novo Testamento.

Quadro histórico social do Novo Testamento

Política 37 a.C. a 70 d.C.

No tempo do nascimento de Cristo, o Imperador era Augusto, o qual instituiu o culto a si mesmo por parte dos seus súditos.

Em algumas regiões havia a figura do rei. Naquele mesmo período o rei da Palestina era Herodes. Esta região teve sua divisão política alterada diversas vezes, sendo até governada por mais de um rei em determinados momentos. Além do rei, havia em algumas épocas e lugares a figura do procurador, ou governador. Quando Jesus nasceu, o procurador se chamava Copônio. Na seqüência aparecem os publicanos, os quais não possuíam poder administrativo, mas tinham a função de coletarem impostos. Eram necessariamente nativos da província. Seu conhecimento da terra, do povo, dos costumes e da língua tornava-os mais eficientes na coletoria do que poderia ter sido um cidadão romano que fosse enviado para esse fim. Os publicanos eram considerados por seus compatriotas como traidores, já que cobravam impostos dos seus irmãos para entregar ao dominador inimigo. A palavra publicano se tornou sinônimo de pecador.

Sob esse domínio se encontrava a província. Assim era chamada qualquer região conquistada pelos romanos fora da Itália. As províncias que se encontravam dentro desse modelo eram administradas mais diretamente pelo Imperador. Tratava-se de regiões ainda não pacificadas, recém conquistadas, cuja população ainda não se acomodara sob o jugo de Roma. Nessas terras havia a presença constante das tropas romanas, as quais se dividiam principalmente em legiões (com 6 000 homens), coortes (com 1 000 homens) e centúrias (com 100 homens).

Na província da Judéia havia uma instituição local chamada Sinédrio, o qual era formado por 71 membros e presidido pelo sumo sacerdote. O Sinédrio era o supremo tribunal local e tinha poderes para julgar questões civis e religiosas, uma vez que as duas coisas eram tratadas pela mesma lei. Tais autoridades tinham até mesmo a prerrogativa de aplicar a pena de morte contra crimes cometidos na comunidade local. A polícia recebia ordens do Sinédrio.

Essa estrutura pode ser claramente observada nas páginas dos evangelhos, principalmente nos relatos que tratam da prisão, julgamento e crucificação de Cristo, o qual foi preso pela polícia do Sinédrio, e levado diante desse tribunal local. Os integrantes do Sinédrio, embora tivessem poder para matá-lo, parecem ter vacilado diante de tamanha responsabilidade. Levaram-no diante do Procurador da Judéia, Pilatos, o qual o encaminhou para a presença de Herodes, o rei da Galiléia. Ninguém queria assumir a responsabilidade pela crucificação. Contudo, Cristo é devolvido a Pilatos, que considerou o lavar das mãos como ato suficiente para isentá-lo da culpa de matar o Filho de Deus (Mt. 26.44,57,59; 27.2; Lc. 23.7). Vemos aí a hierarquia governamental em evidência. O imperador também foi lembrado naquelas circunstâncias, mas apenas para uma menção rápida em João 19.12 para pressionar o Procurador.

Havia ainda outro tipo de província. Eram aquelas conquistadas há mais tempo e já pacificadas. Os habitantes desses lugares tinham cidadania romana. Era o caso do apóstolo Paulo, que nasceu em Tarso, e tinha o direito de ser considerado cidadão romano. Tal prerrogativa proporcionava diversos direitos, principalmente tratamento respeitoso e especial nas questões jurídicas. Um cidadão romano não podia, por exemplo, ser açoitado. Paulo foi submetido a açoites, mas seus algozes ficaram atemorizados quando souberam que tinham espancado um cidadão romano (Atos 16.37-38). Com base no mesmo direito, Paulo apelou para César quando quis se defender das acusações que lhe eram feitas (Atos 25.10-12).

CULTURA E INFRA-ESTRUTURA

Nos dias de Cristo, embora o império fosse romano, a cultura predominante continuava sendo a grega. O extinto império de Alexandre Magno deixou um grande legado: o helenismo, que significa a influência cultural grega entre os povos conquistados. Helenismo é derivado de Helas, outro nome da Grécia. Helenização é o processo de propagação dessa cultura. Devido a essa difusão, a língua grega se tornou de uso comum. Daí vem a expressão "grego koiné" (= comum). As cidades gregas eram bem estruturadas. Contavam com teatros, banhos públicos, ginásios, foros, amplas praças, hipódromos e academias. Assim, por onde quer que o helenismo se expandisse, iam surgindo cidades desse tipo. Algumas cidades antigas se adaptavam e chegavam até a mudar de nome, adotando nomes gregos.

É por causa desse contexto que o Novo Testamento foi escrito em grego, com exceção do evangelho de Mateus.

Além dos elementos helênicos, o cenário contava com estradas calçadas construídas pelos romanos. Elas facilitavam a circulação das milícias entre as províncias e a capital. Por essas vias transitavam também mensageiros, comerciantes e viajantes em geral. Outro destaque da engenharia romana eram os aquedutos: canais para levar água das montanhas para as cidades.

ATIVIDADES ECONÔMICAS

Com toda a importância das cidades, as construções eram constantes. Além das casas, estradas e aquedutos, as muralhas também faziam parte dos projetos. Em Jerusalém havia uma grande obra em andamento nos dias de Jesus: o templo de Herodes, cuja construção ocorreu do ano 20 a.C. até 64 d.C.

Outras atividades importantes eram: transporte, agricultura, comércio, pesca, metalurgia, cerâmica, perfumaria, couro, tecidos e armas. Em Israel, a pecuária, além de atividade econômica, possuía status religioso por causa dos sacrifícios.

POPULAÇÃO E RELIGIÃO

A DIÁSPORA

Nos dias do Novo Testamento, a população judaica encontrava-se dispersa por vários lugares. Além da própria Palestina, havia inúmeros judeus em Roma, Egito, Ásia Menor, etc. (Atos 2.9-11; Tiago 1.1; I Pedro 1.1). Tal dispersão, que recebe o nome de Diáspora, tem razões diversas, começando pelos exílios para a Assíria e Babilônia, e se completando por interesses comerciais dos judeus, e até mesmo em função das dificuldades que se verificavam em sua terra natal. Esse quadro se apresenta como cumprimento claro dos avisos divinos acerca da dispersão que viria como conseqüência do pecado de Israel (Dt. 28.64).

Assim, o judaísmo acabou se dividindo em função da distribuição geográfica. Havia o judaísmo de Jerusalém, mais ligado à ortodoxia, e o judaísmo da Diáspora, ou seja, praticado pelos judeus residentes fora da Palestina. Estes últimos encontravam-se distantes de suas origens. Se até na Palestina, os costumes gregos se impunham, muito mais isso ocorria na vida dos judeus em outras regiões. Estavam profundamente helenizados, embora não tivessem abandonado o judaísmo. Isto fez com que eles se preocupassem com o futuro de suas tradições e sua religião. Tomaram então providências para que o judaísmo não sucumbisse diante do helenismo. Uma delas foi a tradução do Velho Testamento do hebraico para o grego, chamada Septuaginta. Já que este idioma estava se tornando universal, havia o risco de que, no futuro, as escrituras não pudessem mais ser lidas, devido à possível extinção do hebraico. Outras obras literárias foram produzidas, incluindo narrativas históricas, propaganda e apologia judaica, tudo escrito em grego e com influências gregas. Destacaram-se nessa época os escritores: Fílon de Alexandria e Flávio Josefo. Tais escritos não foram aceitos pela comunidade de Jerusalém. Até a tradução bíblica foi rejeitada, uma vez que, para eles, toda escritura sagrada devia ser produzida necessariamente em hebraico. Essa obra no idioma grego foi vista pelos ortodoxos como uma descaracterização do judaísmo.

Para muitos judeus conservadores, o judaísmo era propriedade nacional e não devia ser propagado entre outros povos. Já os judeus da Diáspora se dedicaram a conquistar gentios para a religião judaica. Tal fenômeno recebe o nome de proselitismo. Os novos convertidos eram chamados prosélitos (Mateus 23.15; Atos 2.9-11; 6.5; 13.43). Essa prática difusora da religião também foi adotada por judeus de Jerusalém, mas em escala bem menor.

Os judeus da diáspora cresciam em número e em poder econômico. Isso se tornou incômodo para muitos cidadãos dos lugares onde residiam. A guarda do sábado e a recusa em participar do culto ao Imperador tornaram-se também elementos que atraíram a perseguição. Tendo, muitos deles, fugido da opressão na Palestina, encontraram problemas semelhantes em outras terras.

AS SINAGOGAS, OS RABIS E OS ESCRITOS RELIGIOSOS

O surgimento das sinagogas é normalmente atribuído ao período do exílio babilônico, quando os judeus deixaram de ter um templo para adorar e sacrificar. O fato indiscutível é que nos dias do Novo Testamento, tais locais de oração, ensino e administração civil eram muito valorizados. Em qualquer localidade onde houvesse 10 judeus, podia ser aberta uma sinagoga. Em cidades grandes poderia haver várias, como era o caso de Jerusalém. A liderança da sinagoga era exercida pelo rabi (mestre), o qual era eleito pelos membros daquela comunidade. Essa autonomia de eleição do rabi favoreceu o surgimento de muitos mestres com idéias religiosas distintas. Todos estudavam a lei e elaboravam seus ensinamentos com interpretações e comentários acerca da Torá.

Assim surgiram as midrashs e as mishnas. As midrashs eram os comentários da lei e as mishnas eram os ensinamentos rabínicos. Tudo isso compunha a tradição, que passou a ser mais utilizada do que a própria lei. A interpretação da lei era tão desenvolvida que chegava ao extremo de contradizer o código original (Mt. 15.1-6). Assim, os escribas e fariseus, doutores da lei, ocupavam o lugar de Moisés (Mt. 23.2). Devido a essa posição dos rabis (mestres), Jesus orientou seus discípulos a não utilizarem esse mesmo título (Mt. 23.8).

JUDAÍSMO DIVIDIDO

Nos dias de Cristo, a religião judaica encontrava-se dividida em seitas: fariseus, saduceus, essênios, e outras. Cada facção se considerava o remanescente fiel a Deus e via os demais como relaxados. Entre os fatores que contribuíram para essa divisão, podemos citar:

- Diáspora – A dispersão geográfica dificultou a manutenção de uma religiosidade padronizada.

- Sinagogas – Significaram a descentralização da orientação religiosa. Muitos rabis representaram muitas linhas de pensamento e prática divergentes.

- Linhagem - As misturas étnicas ocorridas no norte de Israel contribuíram para a discriminação religiosa contra os samaritanos.

- Interpretação – Diferentes interpretações da lei conduziam a diferentes crenças.

- Tradição – Esta era o resultado de muitos elementos: interpretação, comentário da lei, influências estrangeiras (gregas, romanas e babilônicas).

- Política – Alguns judeus apoiavam Herodes e os romanos. Outros eram radicalmente contra tais dominadores.

- Helenismo – Os judeus se dividiam também quanto ao apoio ou combate à cultura grega que se expandia em todo o mundo. Tais costumes eram vistos como o que hoje chamamos de "mundanismo". Muitos judeus se deixavam levar, admirados com o pensamento grego e o sucesso de sua cultura.

DINASTIA HERODIANA (parcial)

Herodes Magno, também conhecido com Herodes, o Grande, governava a Judéia quando Jesus nasceu. Herodes teve 10 mulheres e 15 filhos, ou mais. Citamos sete deles: Antípatro II, Aristóbulo I, Alexandre, Filipe I, Filipe II, Arquelau e Antipas II. Herodes matou seus filhos Alexandre, Aristóbulo I e Antípatro II. Deserdou Filipe I, que era casado com Herodias, a qual veio a adulterar com Antipas II (Mc. 6.17). Após a morte de Herodes Magno, seu reino foi dividido entre três de seus filhos: Arquelau recebeu a Judéia, Samaria e Iduméia. Antipas II passou a governar a Galiléia e a Peréia. Filipe II recebeu os territórios do nordeste: Ituréia, Tracomites, Gaulanites, Auranites e Batanéia.

Arquelau foi deposto pelos Romanos no ano 6 d.C. A Judéia passou então a ser governada por procuradores romanos. Um desses procuradores foi Pôncio Pilatos (de 26 a 36 d.C.). Antipas II governou a Galiléia durante todo o ministério de Cristo. Foi ele quem mandou degolar João Batista. À sua presença Jesus foi encaminhado por Pilatos, já que este era procurador sobre a Judéia e foi-lhe dito que Cristo era Galileu, sendo, portanto, da jurisdição de Antipas.

Agripa I, filho de Aristóbulo e, portanto, neto de Herodes Magno, foi o sucessor de Filipe II. Aos poucos foi herdando também os territórios dos outros tios. Recebeu de volta dos romanos a administração da Judéia e Samaria, tornando-se então rei de quase toda a Palestina. Foi ele quem mandou matar o apóstolo Tiago e morreu comido por vermes (At.12). Seu filho, Agripa II, foi seu sucessor. Seu território foi então ampliado por determinação do Imperador Cláudio e ainda mais por Nero. Foi perante Agripa II que Paulo se apresentou (At.25.23). Com a destruição de Jerusalém no ano 70, Agripa II mudou-se para Roma e lá esteve até o ano de sua morte (100 d.C.). Os membros da dinastia herodiana são muitas vezes mencionados no Novo Testamento. Todos eles possuíam o título de Herodes. Por esta razão, muitas vezes pode-se imaginar que as diversas passagens se referem à mesma pessoa, o que não é verdade. Pela observação dos quadros anteriores, pode-se identificar cada "Herodes" nas passagens bíblicas em que são citados.

Livros Apócrifos ou Não Canônicos

A palavra Apócrifo, do grego apokrypha, significa escondido. Este nome era usado pelos escritores eclesiásticos para determinar: a) Assuntos secretos, ou misteriosos; b) de origem ignorada, falsa ou espúria; c) documentos não canônicos.

Os livros apócrifos do Antigo Testamento. Estes não faziam parte do Cânon hebraico, mas todos eram mais ou menos aceitos pelos judeus de Alexandria que liam o grego, e pelos de outros lugares; e alguns são citados no Talmude. Esses livros, a exceção de 2º Esdras, Eclesiástico, Judite, Tobias, e 1º Macabeus, foram primeiramente escritos em grego, mas o seu conteúdo varia em diferentes coleções.

Eis os livros apócrifos pela sua ordem usual:

I (ou III) de Esdras: é simplesmente a forma grega de Ezra, e o livro narra o declínio e a queda do reino de Judá desde o reinado de Josias até à destruição de Jerusalém; o cativeiro de Babilônia, a volta dos exilados, e a parte que Esdras tomou na reorganização da política judaica. Em certos respeitos, amplia a narração bíblica, porém estas adições são de autoridade duvidosa. O historiador Josefo é o continuador de Esdras. Ignora-se o tempo em que foi escrito e quem foi o seu autor.

II (ou IV) de Esdras: Este livro tem estilo inteiramente diferente de 1º Esdras. Não é propriamente uma história, mas sim um tratado religioso, muito no estilo dos profetas hebreus. O assunto central, compreendido nos caps. 3-14, tem como objetivo registrar as sete revelações de Esdras em Babilônia, algumas das quais tomaram a forma de visões: a mulher que chorava, 9.38 até 10.56; a águia e o leão, 11.1 até 12.39; o homem que se ergueu do mar, 13.1-56. O autor destes capítulos é desconhecido, mas evidentemente era judeu pelo afeto que mostra ao seu povo. (A palavra Jesus, que se encontra no cap. 7.28, não está nas versões orientais.) A visão da águia, que é expressamente baseada na profecia de Daniel (2º Esdras 12.11), parece referir ao Império Romano, e a data de 88 A.D. até 117 A.D. é geralmente aceita. Data posterior ao ano 200 contraria as citações do v. 35 cap. 5 em grego por Clemente de Alexandria com o Prefácio: “As­sim diz o profeta Esdras.” Os primeiros dois e os últimos dois capítulos de 2º Esdras, 1 e 2, 15 e 16 são aumentos; não se encontram nas versões orientais, nem na maior parte dos manuscritos latinos. Pertencem a uma data posterior à tradução dos Setenta que já estava em circulação, porquanto os profetas menores já aparecem na ordem em que foram postos na versão grega, 2º Esdras, 1.39, 40. Os dois primeiros capítulos contêm abundantes reminiscências do Novo Testamento e justificam a rejeição de Israel e sua substituição pelos Gentios, 2º Esdras 1.24,25,35-40; 2.10,11,34, e, portanto, foram escritos por um cristão, e, sem dúvida, por um judeu cristão.

Tobias: Este livro contém a narração da vida de certo Tobias de Neftali, homem piedoso, que tinha um filho de igual nome, O pai havia perdido a vista. O filho, tendo de ir a Rages na Média, para cobrar uma dívida, foi levado por um anjo a Ecbatana, onde fez um casamento romântico com uma viúva que, tendo-se casado sete ve­zes, ainda se conservava virgem. Os sete maridos haviam sido mortos por Asmodeu, o mau espírito nos dias de seu casamento. Tobias, porém, foi animado pelo anjo a tornar-se o oitavo marido da virgem-viúva, escapando à morte, com a queima de fígado de peixe, cuja fumaça afugentou o mau espírito. Voltando, curou a cegueira de seu pai esfregando-lhe os escurecidos olhos com o fel do peixe que já se tinha mostrado tão prodigioso. O livro de Tobias é manifestamente um conto moral e não uma história real. A data mais provável de sua publicação é 350 ou 250 a 200 A.C.

Judite: E a narrativa, com pretensões a história, do modo por que uma viúva judia, de temperamento masculino, se recomendou às boas graças de Holofernes, comandante-chefe do exército assírio, que sitiava Betúlia. Aproveitando-se de sua intimidade na tenda de Holofernes, tomou da espada e cortou-lhe a cabeça enquanto ele dormia. A narrativa está cheia de incorreções, de anacronismos e de absurdos geográficos. É mesmo para se duvidar que exista alguma cousa de verdade; talvez que o seu autor se tenha inspirado nas histórias de Jael e de Sisera, Jz 4.17-22. A primeira referência a este livro, encontra-se em uma epístola de Clemente de Roma, no fim do primeiro século. Porém o livro de Judite data de 175 a 100 A. C., isto é, 400 ou 600 anos depois dos fatos que pretende narrar. Dizer que naquele tempo Nabucodonosor reinava em Nínive em vez de Babilônia não parecia ser grande erro, se não fosse cometido por um contemporâneo do grande rei.

Ester: Acréscimo de capítulos que não se acham nem no hebreu, nem no caldaíco. O livro canônico de Ester termina com o décimo capítulo. A produção apócrifa acrescenta dez versículos a este capitulo e mais seis capítulos, 11-16. Na tradução dos Setenta, esta matéria suplementar é distribuída em sete porções pelo texto e não interrompe a história. Amplifica partes da narrativa da Escritura, sem fornecer novo fato de valor, e em alguns lugares contradiz a história como se contém no texto hebreu. A opinião geral é que o livro foi obra de um judeu egípcio que a escreveu no tempo de Ptolomeu. Filometer, 181-145 A.C.

Sabedoria de Salomão: Este livro é um tratado de Ética recomendando a sabedoria e a retidão, e condenando a Iniqüidade e a idolatria. As passagens salientam o pecado e a loucura da adoração das imagens, lembram as passagens que sobre o mesmo assunto se encontram nos Salmos e em Isaías (compare: Sabedoria 13.11-19, com Salmos 95; 135.15-18 e Isaias 40.19-25; 44.9-20). É digno de nota que o autor deste livro, referindo-se a incidentes históricos para ilustrar a sua doutrina, limita-se aos fatos recordados no Pentateuco. Ele escreve em nome de Salomão; diz que foi escolhido por Deus para rei do seu povo, e foi por ele dirigido a construir um templo e um altar, sendo o templo feito conforme o modelo do tabernáculo. Era homem genial e piedoso, caracterizando-se pela sua crença na imortalidade. Viveu entre 150 e 50 ou 120 e 80, A.C. Nunca foi formalmente citado, nem mesmo a ele se referem os escritores do Novo Testamento, porém, tanto a linguagem, como as correntes de pensamento do seu livro , encontram paralelos no Novo Testamento (Sab. 5.18-20; Ef 6.14-17; Sab. 7.26, com Hb 1.2-6 e Sab. 14.13-31 com Rm 1.19-32).

Eclesiástico: também denominado Sabedoria de Jesus, filho de Siraque. É obra comparativamente grande, contendo 51 capítulos. No capítulo primeiro, 1-21, louva-se grandemente o sumo sacerdote Simão, filho de Onias, provavelmente o mesmo Simão que viveu entre 370 - 300, A.C. O livro deveria ter sido escrito entre 290 ou 280 A.C., em língua hebraica. O seu autor, Jesus, filho de Siraque de Jerusalém, Eclus 1.27, era avô, ou, tomando a palavra em sentido mais lato, antecessor remoto do tradutor. A tradução foi feita no Egito no ano 38, quando Evergeto era rei. Há dois reis com este nome, Ptolomeu III, entre 247 a 222 A.C., e Ptolomeu Fiscom, 169 a 165 e 146 a 117 A.C. O grande assunto da obra e a sabedoria. É valioso tratado de Ética. Há lugares que fazem lembrar os livros de Provérbios, Eclesiastes e porções do livro de Jó, das escrituras canônicas, e do livro apócrifo, Sabedoria de Salomão. Nas citações deste livro, usa-se a abreviatura Eclus, para não confundir com Ec abreviatura de Eclesiastes.

Baruque: Baruque era amigo do Jeremias. Os primeiros cinco capítulos do seu livro pertencem à sua autoria, enquanto que o sexto é intitulado “Epístola de Jeremias.” Depois da introdução, descrevendo a origem da obra, Baruque 1.1,14, abre-se o livro com três divisões a saber:

1) Confissão dos pecados de Israel e orações, pedindo perdão a Deus, Baruque 1.15, até 3.8. Esta parte revela ter sido escrita em hebraico, como bem o indica a introdução.
2) Exortação a Israel para voltar à fonte da Sabedoria, 3.9 até 4.4.
3) Animação e promessa de livramento, 4.5 até 5.9. Estas duas seções parece que foram escritas em grego, pela sua semelhança com a linguagem dos Setenta. Há dúvidas, quanto à semelhança entre o cap. 5 e o Salmo de Salomão, 9. Esta semelhança dá a entender que o cap. 5 foi baseado no salmo, e portanto, escrito depois do ano 70, A.D., ou então, que ambos os escritos são moldados pela versão dos Setenta. A epístola de Jeremias exorta ou judeus no exílio a evitarem a idolatria de Babilônia. Foi escrita 100 anos A.C.

Adição à história de Daniel: O cântico dos três mancebos (jovens): Esta produção foi destinada a ser Intercalada no livro canônico de Daniel, entre caps. 3.23,24. É desconhecido o seu autor e ignorada a data de sua composição. Compare os versículos 35-68 com Salmo 148.

A história de Suzana: É também um acréscimo ao livro de Daniel, em que o seu autor mostra como o profeta, habilmente descobriu uma falsa acusação contra Suzana, mulher piedosa e casta. Ignora-se a data em que foi escrita e o nome de seu autor.
Bel e o dragão: Outra história introduzida no livro canônico de Daniel. O profeta mostra o modo por que os sacerdotes de Bel e suas famílias comiam as viandas oferecidas ao ídolo; e mata o dragão. Por este motivo, o profeta é lançado pela segunda vez na caverna dos leões. Ignora-se a data em que foi escrita e o nome do autor.

Oração de Manassés, rei de Judá quando esteve cativo em Babilônia. Compare com 2º Cr 33.12,13. Autor desconhecido. Data provável, 100 a.C.

Primeiro Livro dos Macabeus: É um tratado histórico de grande valor, em que se relatam 05 acontecimentos políticos e os atos de heroísmo da família levítica dos Macabeus durante a guerra da independência judaica, dois séculos a.C. O autor é desconhecido, mas evidentemente é judeu da Palestina. Há duas opiniões quanto à data em que foi escrito; uma dá 120 a 106 a.C., outra, com melhores fundamentos, entre 105 e 64 a.C. Foi traduzido do hebraico para o grego.

Segundo Livro dos Macabeus: É inquestionavelmente um epítome da grande obra de Jasom de Cirene; trata principalmente da história Judaica desde o reinado de Seleuco IV, até à morte de Nicanor, 175 e 161 a.C. É obra menos importante que o primeiro livro. O assunto é tratado com bastante fantasia em prejuízo de seu crédito, todavia, contém grande soma de verdade. O livro foi escrito depois do ano 125 a.C. e antes a tomada de Jerusalém, no ano 70 A.D.

Terceiro Livro dos Macabeus: Refere-se a acontecimentos anteriores à guerra da independência. O ponto central do livro e pretensão de Ptolomeu Filopater IV, que em 217 a.C. tentou penetrar no Santo dos Santos, e a subseqüente perseguição contra os judeus de Alexandria. Foi escrito pouco antes, ou pouco depois da era cristã, data de 39 ou 40 A.D.

Quarto Livro dos Macabeus: É um tratado de moral advogando o império da vontade sobre as paixões e ilustrando a doutrina com exemplos tirados da história dos macabeus. Foi escrito depois do 2º Macabeus e antes da destruição de Jerusalém.

É, talvez, do 1º século d.C. Ainda que os livros apócrifos estejam compreendidos na versão dos Setenta, nenhuma citação certa se faz deles no Novo Testamento. É verdade que os Pais muitas vezes os citaram isoladamente, como se fossem Escritura Sagrada, mas, na argumentação, eles distinguiam os apócrifos dos livros canônicos. Jerônimo, em particular, no fim do 4º século, fez entre estes livros uma claríssima distinção. Para defender-se de ter limitado a sua tradução latina aos livros do Cânon hebraico, ele disse: “Qualquer livro além destes deve ser contado entre os apócrifos. Agostinho, porém (354-430 a.C.), que não sabia hebraico, juntava os apócrifos com os canônicos como para os diferencia-los dos livros heréticos. Infelizmente, prevaleceram as idéias deste escritor, e ficaram os livros apócrifos na edição oficial (a Vulgata) da Igreja de Roma. O Concilio de Trento, 1546, aceitou todos os livros com igual sentimento e reverência, e anatematizou os que não os consideravam de igual modo. A Igreja Anglicana, pelo tempo da Reforma, nos seus trinta e nove artigos (1563 e 1571), seguiu precisamente a maneira de ver de Jerônimo, não julgando os apócrifos como livros das Santas Escrituras, mas aconselhando a sua leitura “para exemplo de vida e instrução de costumes”.

Livros Pseudo-epígrafos. Nenhum artigo sobre os livros apócrifos pode omitir estes inteiramente, porque de ano para ano está sendo mais compreendida a sua importância. Chamam-se Pseudo-epígrafos, porque se apresentam como escritos pelos santos do Antigo Testamento. Eles são amplamente apocalípticos; e representam esperanças e expectativas que não produziram boa influência no primitivo Cristianismo. Entre eles podem mencionar-se:

Livro de Enoque (etiópico), que é citado em Judas 14. Atribuem-se várias datas, pelos últi­mos dois séculos antes da era cristã.

Os Segredos de Enoque (eslavo), livro escrito por um judeu helenista, ortodoxo, na primeira metade do primeiro século d.C.

O Livro dos Jubileus (dos israelitas), ou o Pequeno Gênesis, tratando de particularidades do Gênesis duma forma imaginária e legendária, escrito por um fariseu entre os anos de 135 e 105 a.C.

Os Testamentos dos Doze Patriarcas: é este livro um alto modelo de ensino moral. Pensa-se que o original hebraico foi composto nos anos 109 a 107 a.C., e a tradução grega, em que a obra chegou até nós, foi feita antes de 50 d.C.

Os Oráculos Sibilinos, Livros III-V, descrições poéticas das condições passadas e futuras dos judeus; a parte mais antiga é colocada cerca do ano 140 a.C., sendo a porção mais moderna do ano 80 da nossa era, pouco mais ou menos.

Os Salmos de Salomão, entre 70 e 40 a.C.

As Odes de Salomão, cerca do ano 100 da nossa era, são, provavelmente, escritos cristãos.

O Apocalipse Siríaco de Baruque (2º Baruque), 60 a 100 a.C.

O Apocalipse grego de Baruque (3º Baruque), do 2º século, a.C.

A Assunção de Moisés, 7 a 30 d.C.

A Ascensão de Isaias, do primeiro ou do segundo século d.C.


Os Livros Apócrifos do Novo Testamento. Sob este nome são algumas vezes reunidos vários escritos cristãos de primitiva data, que pretendem dar novas informações acerca de Jesus Cristo e Seus Apóstolos, ou novas instruções sobre a natureza do Cristianismo em nome dos primeiros cristãos. Entre os Evangelhos Apócrifos podem mencionar-se:

O Evangelho segundo os Hebreus (há fragmentos do segundo século);

O Evangelho segundo Tiago, tratando do nascimento de Maria e de Jesus (segundo século);

Os Atos de Pilatos. (Segundo século).

Os Atos de Paulo e Tecla (segundo século).

Os Atos de Pedro (terceiro século).

Epístola de Barnabé (fim do primeiro século).

Apocalipses, o de Pedro (segundo século).

Ainda que casualmente algum livro não canônico se ache apenso a manuscritos do N.T., esse fato é, contudo, tão raro que podemos dizer que, na realidade, nunca se tratou seriamente de incluir qualquer deles no Cânon.

Bibliografia

JOSEFO, Flávio, A História dos Judeus – CPAD

GUNDRY, Robert H., Panorama do Novo Testamento – Vida Nova (3ª Edição)

TOGNINI, Enéas, O Período Interbíblico – Louvores do Coração (7ª Edição)

Bíblia Apologética de Estudo – ICP (Edição ampliada)


Wanderson Rivas Pereira, pastor e aluno do curso Bacharel em Teologia da Esutes.

Araçatuba-SP, 19/08/2009.

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